QUEM SOMOS?
UM POVO, UMA NARRATIVA.
Por muito tempo, as narrativas que definiram o mundo foram contadas por aqueles que detinham o poder. Povos inteiros foram reduzidos a notas de rodapé em histórias escritas por outros, que escolheram o que lembrar e o que esquecer. Para os negros, afrodescendentes e africanos, essa distorção não foi apenas um detalhe da historiografia, mas um elemento central na construção da sua marginalização no cenário global.
A Narrativa Negra nasce da necessidade de recuperar o protagonismo sobre nossas próprias histórias, pensamentos e visões de mundo. Nosso compromisso não é apenas corrigir distorções, mas construir um espaço de afirmação intelectual e política, onde a história, a geopolítica e a cultura sejam interpretadas sob uma ótica negra, sem complacência nem condescendência.
NARRATIVA AFRICANA
“A África não precisa de quem fale por ela. Precisa de quem a ouça quando ela fala.” – Chimamanda Ngozi Adichie
Um dos dramas da África até agora é que sua história e atualidade têm sido contadas apenas por outros, com todas as distorções que isso pode gerar. O que se retém do continente são apenas as guerras, pandemias, fome, corrupção e a chamada “má governança”. A África é frequentemente ilustrada apenas por suas carências. As televisões internacionais, por exemplo, associaram fortemente a imagem de crianças raquíticas com barrigas proeminentes cercadas por enxames de moscas a um continente que, no entanto, possui riquezas a destacar, sendo, ao mesmo tempo, apresentado como o futuro do mundo.
Diante dessa ofensiva midiática, é essencial construir uma Narrativa Africana que apresente o continente em toda a sua complexidade.
Isso não significa negar os desafios, mas compreender a geopolítica africana sob uma ótica negra e realista. Porque contar a verdadeira história da África não é apenas uma questão de informação, mas um passo essencial para reequilibrar as forças na eterna guerra das narrativas.
NARRATIVA AFROCENTRADA
“Não há uma visão de mundo neutra. Aqueles que negam a importância da perspectiva são, na verdade, os que impõem a sua própria.” – Molefi Kete Asante
A forma como nos vemos e como o mundo nos vê não é fruto do acaso. Desde a infância, somos atravessados por narrativas que moldam nossa identidade, muitas vezes reforçando estereótipos e limitando nossas possibilidades. O impacto do racismo estrutural não se restringe às relações de poder externas – ele penetra na subjetividade, na autoestima e na saúde mental da população negra.
A Narrativa Afrocentrada propõe um olhar crítico sobre a psicologia racializada, a educação inclusiva e os efeitos do racismo na construção do nosso ser. Nosso compromisso é fomentar diálogos que ampliem a compreensão sobre saúde mental, pertencimento e resistência, garantindo que a população negra possa se enxergar fora das lentes da subalternização.
Pensar a partir de nós mesmos, com referências que respeitam nossa trajetória e cultura, é um ato de libertação. Reivindicamos o direito de construir uma visão de mundo que nos fortaleça, ao invés de nos limitar. Afinal, a narrativa de um povo define seu destino – e queremos escrever o nosso com consciência, orgulho e dignidade.
NARRATIVA AFRO-HISTÓRICA
“Enquanto os leões não tiverem seus próprios historiadores, as histórias de caça continuarão a glorificar o caçador.” Provérbio africano
Por séculos, a história foi contada apenas do ponto de vista de quem tinha o poder. Mas, e os outros protagonistas? E os que resistiram, lutaram e transformaram o mundo, mas cujas vozes foram silenciadas?
Questão de romper um pouco com essa fatalidade que faz com que, desde tempos imemoriais, a história da caça seja sempre contada do ponto de vista do caçador, pensamos em uma Narrativa Afro-Histórica, cuja a missão principal é dar voz àqueles homens e mulheres negros, afrodescendentes e africanos, que marcaram a história contemporânea, mas cujas contribuições muitas vezes foram apagadas ou esquecidas. Heróis da cultura, da política, das ciências, das artes e de tantas outras áreas. Homens e mulheres que, mesmo em meio a adversidades, se tornaram símbolos de resistência, independência e inspiração.
AFINAL, POR QUE A NARRATIVA NEGRA?
Porque narrar é existir. E nós existimos.


T.R. Makanga
CEO - Narrativa Negra
T.R. Makanga é estudante de Economia na Universidade Federal da Bahia (UFBA), com uma paixão pela Economia Política e Geopolítica a partir de uma perspectiva pan-africanista.
Seu interesse pela narrativa e representação negra surgiu ao perceber como a história dos africanos e afrodescendentes tem sido contada majoritariamente por outros, frequentemente reforçando estereótipos e distorções. Determinado a contribuir para uma visão mais autêntica e equilibrada da realidade negra, com ênfase na África, Ray se dedica à Narrativa Negra, onde explora a geopolítica africana e temas essenciais para a identidade e o desenvolvimento dos povos afrodescendentes e africanos.


Tamiris Eduarda
Colunista - Psicologia Racializada
Tamiris Eduarda, estudante de Psicologia, terapeuta infantil de crianças autistas e com Síndrome de Down, e educadora social atuante com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. A sua trajetória é marcada pela pesquisa independente sobre saúde mental da população negra, indígena e LGBTQIAPN+, além das relações afrocentradas e periféricas.
Nesta coluna, ela traga reflexões críticas sobre psicologia racializada, educação inclusiva e os impactos do racismo estrutural na subjetividade negra. Seu compromisso é construir diálogos que ampliem nossa compreensão sobre saúde mental, pertencimento e resistência. Vamos juntos com Tamiris nessa caminhada?


Luis Junior
Criador de conteúdo - Audiovisual
Luis Junior é estudante de Turismo e Hotelaria na Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Além de seus estudos, ele é criador de conteúdo audiovisual e responsável pela produção audiovisual da Narrativa Negra. Atuando em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube, ele se destaca pela criatividade e domínio técnico na produção de vídeos, desenvolvendo projetos que informam, inspiram e engajam diferentes públicos.